Desde a Revolução Islâmica de 1979 quem manda no Irã é o Líder Supremo, também chamado de Líder da Revolução, cargo nomeado pelos 88 membros que formam a Assembleia dos Peritos. O poder executivo, o judiciário e o legislativo (Majlis) são subordinados e possuem pouca autonomia. O atual líder, Ali Khamenei, foi também o 3° presidente do país e é considerado um descendente do Profeta Maomé pela linhagem Fatima-Ali (um Saíde, assim como seu antecessor e mestre intelectual de todos os Aiatolás, Ruhollah Khomeini).

Responsável pelas principais decisões políticas e militares, Khamenei tinha como servo fiel um sujeito corajoso, inteligente e sanguinário chamado Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária (Quds), alçado ao patamar de herói nacional, acusado de centenas de mortes e principal elo com grupos paramilitares xiitas como o Hezbollah, que controla o sul do Líbano. Apesar de muito poderoso, com grande influência na política externa iraniana, Qasem Soleimani era um subalterno e obedecia a ordens do Líder Supremo, o que dá a entender que o Irã não deve mudar um milímetro nas suas posições, principalmente aquelas que incomodam o Ocidente. Morreu um executor, não um pensador ou idealizador.

O ataque ordenado pelo próprio Donald Trump, em represália a ataques orquestrados no Iraque por rebeldes ligados diretamente às forças iranianas, provavelmente causará mudanças generalizadas na geopolítica, não apenas devido às inevitáveis oscilações nos preços das principais commodities, mas também por sua possível interferência nas eleições americanas.

A morte de Soleimani, juntamente com o líder rebelde iraquiano, Abu Mahdi al-Muhandis (quase um funcionário iraniano), deve provocar ainda mais confusão no Oriente Médio e em alguns países com forte presença de muçulmanos, inclusive na Ásia e na Europa. O que vai definir o futuro desta crise no curto prazo, no entanto, será o posicionamento dos principais líderes sunitas, (entre eles alguns atuais aliados do Ocidente), e dos governos da Rússia, que já condenou o ataque, e da China. Embora acredite que o problema deve se agravar apenas no médio prazo, ou seja, não devemos assistir a uma guerra convencional imediatamente, desconfio que deva ocorrer uma escalada de atentados locais, menores, que podem envolver também os grupos sunitas mais radicais como Estado Islâmico, Al Qaeda, Hamas etc. (tenho quase certeza que estes vão aproveitar o pretexto). Mais à frente, infelizmente, teremos um inevitável conflito entre Ocidente e Islã, seja como resultado a esta provável escalada do terrorismo, seja devido a interesses geopolíticos ainda mais sombrios, que já estavam descritos na obra do egípcio Sayyid Qutb (principal pesador do Islã político moderno, traduzido para o idioma persa, o farsi, pelo próprio Khomeini) e nos planos dos metacapitalistas que controlam o Deep State dos EUA-OTAN. Estes planejadores sempre disseram que para estabelecer a Nova Ordem Mundial será necessária uma grave instabilidade, de preferência generalizada. E como também está prevista uma forte crise econômica internacional para 2020-2021, parece que está se desenhando a tempestade perfeita, seguindo a ordem dos 4 elementos revolucionários descritos por Yuri Bezmenov (ex KGB): “desmoralização-desestabilização-crise-normalização”.

Que Deus nos proteja.

Morte de Soleimani deve acirrar problemas globais

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