Um resumo sequenciológico-dedutivo – por Mayllson Ricardo Figueiroa Amorim Silva.
(Texto enviado pelo leitor e amigo que conheci no lançamento do livro “Bem-vindo ao Hospício” na Livraria Saraiva de Recife)
Este artigo tem por objetivo fornecer uma linha seqüencial de pensamentos dedutivos que derivam diretamente do produto das leituras dos autores: Alexandre Costa, George Orwell, Olavo de Carvalho e Aldo Huxley. Em suas respectivas obras: Introdução á Nova Ordem Mundial, Bem Vindo ao Hospício, 1984, A revolução dos Bichos, Jardim das Aflições e Admirável Mundo Novo.
São apreensões e percepções que não dispensam a leitura desta bibliografia, visto ser esse texto naturalmente suscetível de falhas por ter saído de mãos humanas, do qual nos desculpamos por eventuais erros, mas no qual acreditamos serem relevantes para o desenvolvimento do trabalho artístico teatral ao qual nos lançamos; a realização de um espetáculo sobre Engenharia Social, que além de um trabalho cênico, também se configura enquanto processo artístico-cultural, num diferencial que visa contribuir com uma nova forma de realização e de proposta de trabalho, no âmbito regional de produções artísticas.
Concomitante a esse processo, buscamos galgar uma jornada igualmente árdua e um tanto quanto complexa que é a de contrabalançar o setor cultural, que hoje se encontra encharcado de ideologias esquerdistas e que, por sua utilização pré-planejada de cooptação das mentes jovens e ou destreinadas, tanto tem servido aos fins globalistas, ao passo que nega sua essencial função enquanto arte que, no tocante ao teatro, configura-se pela elevação das percepções acerca da realidade, e desenvolvimento das possíveis críticas a ela necessárias, e da elevação moral e dos valores humanos tão em voga nas literaturas gregas e nos contos medievais, literatura hoje tão é desprezada, mas que logo entenderemos o real perigo por trás destas obras que debaixo de toneladas de termos politicamente corretos se encontram temporariamente condenadas à escuridão e ao abandono.
A NOM está internalizada enquanto desejo humano desde os primórdios da humanidade civilizada, os povos antigos; babilônicos, egípcios, persas, romanos entre outros sempre se depararam em algum momento da história com sujeitos de ideais totalitários e imperialistas. Porém as próprias condições em que viviam não possibilitavam um raio de ação muito extenso, por exemplo, imagine ter que cruzar todo um império, como foi o romano, a cavalo, para simplesmente ter que levar as ordens do imperador. Seja a preparação para a guerra ou novas normas de conduta e organização territorial, até as mais simples determinações levavam dias e até mesmo meses para chegarem ao seu destino final. Revoltas e invasões eram constantes o que inviabilizavam as permanentes tentativas de expansão e controle do imenso estado, hora dilatando-se, hora comprimindo-se.
Nenhum desses impérios que habitaram a terra obteve sucesso em tornar-se de fato mundial, e nenhum resistiu ao tempo, todos sucumbiram, mas o ideal totalitário nunca desapareceu, foi o que Olavo de Carvalho chamou da eterna luta entre leviatã e behemouth . O leviatã do estado que anseia por sua ressurreição é um monstro que não pode ser destruído, apenas controlado, ele se alimenta de poder e quanto mais poder o estado possui, mais esse monstro se desenvolve, por isso se faz necessário o controle de quanto desse alimento (poder) é dado a ele.
Mesmo tendo sido falha as tentativas totalitárias durante os séculos, o advento da modernidade lhe permitiu uma nova chance de abandonar sua forma fantasmagórica e assumir um novo corpo, este constituído de ossos e carnes podres dos velhos césares, entretanto que se veste de linho e de seda novamente para passar-se por realeza ante os idiotizados. A revolução francesa e o pensamento iluminista que a fecundou possibilitaram o surgimento de um novo paradigma á sociedade moderna, no qual se fizeram necessários o abandono e a ruptura com as antigas formas de governo e com os pilares que representavam o ideal cristão.
Com o avançar tecnológico, derivado das grandes guerras, o homem se viu diante da eminente e real possibilidade de destruir o planeta e a si mesmo caso não fossem freadas as atividades militares envolvendo energia nuclear. O “medo” que envolveu os rompantes da guerra fria, invariavelmente impulsionou o desenvolvimento tecnológico industrial, as guerras perderam sua utilidade de prover riquezas e territórios, toda e qualquer necessidade poderia ser agora provida pela indústria e pelo mercado internacional, a ciência adquiriu status divinos e o mercado financeiro de principal tutor.
Com o mundo transmutando tanto e cada vez mais rápido algumas instituições tiveram grandes influências na determinação dos caminhos que essas transmutações iriam tomar, e nos efeitos que iriam produzir. Verdadeiras famílias dinásticas surgiram neste período pré-modernidade, devido ao enriquecimento obtido no mercado financeiro, a ponto de tornarem-se superiores a ele e passarem a controlá-lo, por exemplo, as famílias Rothschild e Rockefeller.
Os atualmente chamados “metacapitalistas”, como Olavo os denomina, são os donos das mega-indústrias de serviços, de produtos, e dos aglomerados empresariais, através de uma rede de contatos e de influências, que se mantém longe das vistas e da atenção pública reunidos em sessões ocultas de sociedades secretas. Oportunamente ignoradas pela mídia, que deveriam ser os grandes responsáveis por manter o povo informado e os políticos em controle, mas que pervertem a essência de sua profissão. Estes metacapitalistas determinando os principais acontecimentos da era moderna, crises financeiras, guerras, manipulação da informação, determinações no âmbito da política, cultura e educação (principalmente ideológica), inclusive em países diferentes de sua naturalidade, através do financiamento de ONGs, de redes de TV, mídias em geral e de partidos políticos, visando à quebra das soberanias desses mesmos países.
A ORDEM MUNDIAL E SUAS METAS
Para que seja aceito um ideal de controle mundial e de países se tornando estados de uma federação internacional soberana e infinitamente superior, não é algo a ser realizado tão facilmente. As questões colocadas anteriormente e que são inerentes ao ser humano, como: a não aceitação de privações de direitos e liberdades individuais, valores, culturas distintas, o surgimento de mártires, de revoltas, controle de demandas multifacetadas, controle do território dominado, capacidade de gestão do superestado e etc., inviabilizaram o totalitarismo dos tempos antigos, bem como inviabilizará quaisquer sistemas governamentais que possuam quaisquer semelhanças com esse tipo de controle social. Todas essas questões já foram vivenciadas em outros regimes, como a URSS , e a sua impossível gestão da galáctica quantidade de dados a serem analisados e processados levou o governo a quase sempre maquiar os dados oficiais. Assim enquanto o povo passava fome, as estatísticas oficiais comemoravam a superprodução de alimentos nas indústrias estatais. Além desse, outros fatos levavam à revoltas e a coerções violentas, o que geravam mais revoluções e problemas.
O ideal totalitário é uma constante do pensamento de extrema esquerda e se configuraram quase sempre pelas mesmas diretrizes por onde passaram; apoiando- -se em figuras ilustres ou respeitadas por sua moral e integridade pela sociedade, quase sempre figuras iludidas pelo ideal coletivista e suas promessas irrealizáveis, como teóricos, políticos, filósofos e etc., que levaram a população a buscar uma utopia de felicidade e perfeição, mas que surgiriam apenas em um futuro glorioso. Por uma ideologia perfeita se morre e se mata a população envolvida nesta fumaça brilhante não consegue apreender as reais intenções dos políticos, usurpadores da boa fé do povo, e que se vestem do brilho pessoal dos antepassados ilustres para justificarem sua santidade, mesmo sem possuir nem um ato elevado em seu currículo. É necessário que se mantenha a imagem do ditador sempre imaculada e perfeita, pois enquanto a massa se destrói buscando uma utopia segue o ditador usufruindo do poder.
A liberdade de realizar o que se quer, de ser o que se quer e de fazer o que se quer, é substituída pela promessa de estabilidade, e paga-se um preço muito alto por essa conduta, em que se perde a liberdade individual visto ser o coletivo superior em importância, em relação ao sujeito singular. É diante deste cenário que surge uma ortodoxia que suprime mais do que qualquer censura, e é em nome dessa ortodoxia que cada sujeito torna-se fiscal e delator uns dos outros, qualquer ideia ou comportamento que não esteja de acordo com o coletivo é logo tido por contravenção, subversão e plausível de condenação.
Por isso uma nova forma de controle deve surgir para substituir a revolução violenta e radical, enquanto aqueles marxistas de extrema esquerda ainda buscam esses meios, o socialismo Fabiano segue justamente no sentido contrário, visando na cultura e na educação exercer seu domínio e influência nas mentes e no comportamento de crianças, jovens e adultos.
Diferentemente do passado, o novo totalitarismo deve condicionar os escravos á amarem sua escravidão, entretanto para que se aceitem tais diretrizes macabras muitos são os impedimentos e os imprevistos a serem superados, por isso o termo “Fabiano” que é um sinônimo de luta através da paciência. E toda esta paciência em introduzir um pensamento esquerdista e idiotizante ao longo de décadas, proporcionaram o assombroso quadro social em que vivemos. Toda uma população é controlada através de seus baixos instintos e de seu senso comum, como aponta Olavo, “como um burro a perseguir a saborosa cenoura” servindo inconscientemente aos mandos e desmandos de seu dono.
O OURO DE TOLO
Segundo Sócrates em seu diálogo em A República de Platão, o bom homem e o bom estado são aqueles que superando seus vícios, sua ignorância e desregramentos elevam-se em moral, bondade e justiça, pois todo homem equilibrado concorre à justiça divina ao assemelhar-se ao próprio Deus. E conseqüentemente aqueles que sigam o caminho contrário estarão aprisionados em sua própria cela como escravos de si mesmos, o que o tornam por essencial natureza de sua condição num tirano dos demais, com isso ficando fácil deduzir de qual dos dois homens e governos é mais facilmente influenciado e controlado.
Todo homem que busque a verdade, tem por natureza uma reflexão e introspecção aguçadas que lhes permite uma melhor apreensão da realidade, e uma grandiosa defesa anti os doutrinadores e suas ideologias pueris. É de fato sabido que grandes pensadores e intelectuais em suas diferentes épocas sucumbiram aos ideais coletivistas dando apoio e promoção a ideologias que vieram a tornarem-se as mais violentas e desumanas das realizações do ser humano, como o holocausto o regime soviético e o de Mao Tse tung, mas estas especificidades devem ser avaliadas segundo o período e a realidade em que estavam submetidos esses pensadores, e ao contexto em que viviam.
Sendo assim necessário para que se elimine as barreiras que inviabilizam a NOM, produzir uma população que tenha por objetivo a busca incessante pela “pseudo felicidade epicuriana” e que de forma alucinante é oferecida em pacotes ideológicos, químicos e comportamentais. O relativismo, o politicamente correto, o reducionismo ontológico, o materialismo positivista, a divinização do tempo e do espaço e todo o ideal cientificista, ao mesmo tempo em que matam a Deus e divinizam o homem, imprime nesse homem toda carga de desregramentos e desequilíbrios que os tornam passíveis de controle e induções.
A busca desenfreada por perfeição é a principal causa do stress, da insatisfação, angústia e desumanização que o homem já viu. A busca pelo perfeito e pela felicidade comporta todo imperfeito e toda infelicidade, o ouro de tolo está naquela pepita que brilha, mas que da qual não sabemos diferenciar se é real ou imaginário.
OS DEUSES QUANDO QUEREM CASTIGAR O HOMEM NÃO LHE TIRAM A VIDA, DÃO–LHE A LOUCURA
Eis o grande embate de nosso tempo, pois todo o pensamento ocidental é constituído e alicerçado, respectivamente, na filosofia grega, na ordem jurídica romana e na moral judaico cristã, atrelado a todo o desenvolvimento intelectual e científico proveniente das universidades surgidas fundamentalmente através do cristianismo. Sendo essas as bases culturais e milenares de uma sociedade próspera e livre ás principais barreiras a serem transpassadas pelo ideal globalista, que deve passar a seguir a premissa: o homem e a cultura se destroem é por dentro.
Por isso combater a moral cristã, fomentando o que chamamos de “Reino do Anticristo” e, justamente, através da violação e até mesmo do enaltecimento dos ditos sete pecados capitais, ou seja, na promoção de todo comportamento que durante séculos foram os responsáveis pelo declínio do homem sobre a terra e que, contrabalançado com a vinda do Cristo, foram passíveis de controle e supressão, sendo este desregramento o responsável, como já citado, a condição perfeita para os controladores, para que assim o homem inculto e imoral passe a ser numeroso em sociedade e como uma praga a destrua por inteira.
Atrelado a esse processo animalizador, ainda encontram-se inseridos respectivamente o relativismo e o declínio intelectual, dos quais o primeiro quebra a compreensão dentro do sistema psicológico do sujeito do entendimento acerca da existência de condutas e de realidades fundamentais, se nada é absolutamente certo ou errado, melhor ou pior, se não é possível conhecer a verdade, nada mais resta de confortável a não ser a loucura, ou seja, toda a percepção do funcionamento da realidade se altera, não havendo em sua mente as regras lógicas que são reais e inerentes a natureza, o pensamento e o pensar tornam-se “soltos”, desarticulados e levam o indivíduo a um estado de nonsense psicológica. O segundo, por sua vez, é proporcionado pela escola, um paradoxo cruel. Sendo esta instituição a responsável pelo desenvolvimento intelectual da população e que ao invés de ensinar, busca educar os jovens para uma vida militante, contra o “sistema” que os supostamente oprimem e contra as “elites” governantes deste sistema opressor, todavia para os jovens aprendizes de marxismo cultural são os que possuem a propriedade privada, estendendo-se a toda forma de ascensão individual, seja intelectual, musical, literária, entre outras, parece-nos que toda e qualquer pessoa que esteja num patamar de desenvolvimento individual superior é mal visto e até combatido, pois segundo o pensamento coletivista, não é justo que um indivíduo se torne um Mozart se todos os outros não puderem se tornar também junto com este. Um absurdo que comprime todos os coletivistas em uma massa homogenia e medíocre, em que nada pode surgir de novo, a não ser um fungo ou verme que logo ganha status de superstar.
É neste ponto que elucidamos o porquê do abandono das literaturas medievais serem tão importantes para a manutenção do ideal globalista. Justamente ao contrário do que a escola ensina, o período medieval nada tem de trevas ou de obscurecimento do desenvolvimento intelectual, foi justamente neste período que grandes descobertas científicas foram possíveis , na qual a literatura destinava-se a oferecer aos jovens, exemplos elevados de conduta e de pensamento, isto é, tudo o que é necessário destruir para que se realize a NOM. E enquanto preocupa-se em condicionar, a escola deixa de oferecer aos jovens um desenvolvimento mais satisfatório de suas faculdades mentais e cognitivas, está ele mergulhado em um analfabetismo funcional que povoa mais da metade da população acadêmica no Brasil. São dezenas de jovens que não compreendem o que leem, o que veem e nem o que se passa ao seu redor, possuem uma preguiça mental e um desprezo a intelectualidade que apenas anos de condicionamento poderiam proporcionar, e é nesse ambiente social que mais se parece com um hospício, que toda uma nação é reduzida a uma idiocracia convulsiva e pomposa, que tudo conhece tudo compreende e para tudo tem uma opinião, porém nenhuma que tenha qualquer relação com a realidade substancial destas.
Mas como é possível que se altere ao mesmo tempo a percepção de tantas pessoas acerca da realidade? Essa é a grande questão por trás da “Loucura” mental brasileira, contudo diferentemente do que se pensa, não é preciso que se altere a realidade de um povo para que se alterem suas percepções sobre sua própria realidade, como ocorre, por exemplo, na natureza onde de forma natural e que é facilmente percebido por todos. A passagem das estações ao mudarem o ambiente, altera naturalmente a percepção do homem sobre esta, de calor para o frio, ou de flores para os frutos. Basta que se altere a forma como a percepção atua sobre a realidade, e assim sobre ela mesma. Sobre isso é o que veremos agora, pois tal questionamento merece um tópico só para ele.
A Novilíngua
Para que seja possível a realização da linguagem todo um processo cognitivo se faz necessário, todos os sistemas nervosos juntamente com o cérebro desenvolvem intensas e constantes atividades que possibilitem ao ser humano o desenvolvimento e manutenção de uma das suas mais importantes faculdades mentais, que é a comunicação de informações de forma verbal. Através dos sentidos todo objeto real e concreto, ou toda experiência vivenciada; o que chamamos de dados empíricos, é “captada” pela mente, aonde vai se “pintando” um quadro daquela imagem-objeto, ou daqueles dados empíricos vivenciados. Após a finalização dessas “pinturas” ou perceptos, como é chamada a imagem mental que fazemos das situações e das coisas com as quais entramos em contato, tratamos de criar conceitos sobre esses dados apreendidos.
Os conceitos são o reconhecimento dos aspectos essenciais dos objetos e experiências; por aspectos essenciais compreendem-se a forma, textura, sensações, emoções provenientes, ou melhor, toda a gama de especificidades que estão contidas na relação “observador-objeto” seja no real, ou no fantasioso, quando o dado a ser conceituado se tratar de uma história literária, por exemplo. Aqui se exprime a questão chave e contrária a “novafala”, todo conceito deverá relacionar-se diretamente com as coisas da realidade com as quais esteja sendo tratada, pois é a natureza quem provém à matéria-prima dos sentidos e do intelecto, assim sendo universal. Universal no seguinte sentido: se conceituamos um objeto como sendo uma cadeira, esta invariavelmente será considerada uma cadeira independente do tempo e do espaço que esteja inserida, pois o objeto apreendido tem por essência traços característico de cadeira, independente de material de fabricação, cor, forma, ou quaisquer traços individuais que a singularizem, ou seja, trata-se de um conceito geral (JOSEPH, 2008).
Após esse processo escolhemos ou criamos os termos que serão utilizados na transmissão desses conceitos, e que deverão estar igualmente relacionados com os dados da realidade, para que esses não comuniquem uma idéia ou informação contrária com a que se desejava repassar originalmente. E é justamente neste ponto em que atua os malefícios da “novafala”, que juntamente com os termos politicamente corretos percorrem o caminho contrário desse percurso natural pelo qual a mente desenvolve a linguagem. Com a imposição de termos e conceitos que não possuem relação direta com o objeto real, ou quando esta relação existe, não passa de uma relação parcial, superficial e fragmentar. O processo mental se inverte e a natureza deixa de ser a provedora da matéria-prima intelectual, a realidade passa a ser ignorada e apenas o que é estabelecido por convenções é tomado por dado real a ser conceituado, isto é, quando o “coletivo” ou o “estado” passa a determinar o que é o quê. Deixamos de acreditar em nossos olhos, passando a acreditar apenas no que eles dizem.
Uma pessoa neste estado alterado de consciência não possui condições de apreender seu próprio estado mental, nem tão pouco seu contexto ambiental ou qualquer outra relação com o real que não passe de sensações físicas, como dor, frio, medo, ansiedade entre tantas outras sensações. Toda sua relação intelectual com a realidade e com a lógica foi bloqueada, e no lugar resta apenas um embotamento mental que na maioria dos casos é uma realização do próprio sujeito, seja por preguiça mental, receio de ser diferente dos demais do grupo ou por ignorância mesmo.
É nesse ambiente de distorções que nascem o analfabeto funcional, o pseudo-intelectual e o militante idiotizado, e é nessa conjuntura de coisas que se torna possível fazer com que eles afirmem que a nova ordem mundial é uma teoria da conspiração, que o socialismo não leva ao comunismo, que o PSDB é de direita e que a neve é preta.
SUPERESTRUTURA
O mundo hoje se divide aparentemente em três forças globalistas: os metacapitalistas, o comunismo russo-chinês e os eurasianos (mundo islâmico), que hora divergem, hora convergem em ações de reciprocidade e acordo mútuo de cooperação. Dentre essas ações o atual enfoque encontra-se no declínio, do que bem foi citado por Lênin, dos pilares que apoiam a sociedade ocidental: a filosofia grega, a ordem jurídica romana e a moral cristã. E para isso eles dispõem de uma superestrutura, que começa pelo controle do mercado financeiro (bancos), jogos de influência e atuação que perpassam, majoritariamente, pela cultura, controle da informação, condicionamentos e desinformação, bem como o declínio intelectual (educação: estrutura curricular, gestão pública… controle da informação divulgada: jornais, tv’s, blogs, indústria cultural, e etc.) quebra das soberanias através de financiamentos de ONGs e partidos políticos.
A necessária idioatização da população, bem como desenvolver-lhes a incapacidade de reflexão, abastece todo o mercado com informações falsas ou sem nenhuma relação com os problemas reais, possibilitando ao movimento globalista seguir seu curso com relativa tranquilidade. Como havíamos colocado esse texto não dispensa a leituras das obras supracitadas, pois não é possível refletir toda a informação básica necessária em apenas um artigo. Por isso vamos nos ater aos pontos que percebemos serem cruciais e até mesmo repetitivos nas obras anti- -utópicas de George Orwell e Aldo Hurxley , nas quais o declínio intelectual e moral, o embotamento psicológico e a busca por uma sociedade epicuriana são as bases para um novo-velho mundo de pessoas anestesiadas e de salvação ilusória, um verdadeiro reinado de Circe na terra.
Para a devida realização dessas três metas dos globalistas em relação ao ocidente e a Israel, eles contam uma verdadeira rede de ações em cascata e de forma piramidal, que seriam inimagináveis para ditadores do passado. Uma determinação que seja adotada em uma das reuniões globalistas que ocorrem em conferências em clubes e sedes de sociedades secretas, logo tomam forma nas revistas científicas, na TV, nos jornais, nos movimentos sociais e principalmente na política, em que eles conseguem eleger seus representantes, através da cooptação ideológica destes jornalistas e formadores de opinião, e mais substancialmente através dos financiamentos que são investidos de forma maciça nas campanhas e nas organizações. Feito isto, todas as ideias que devem ser seguidas para implantação da NOM são logo apresentadas como verdades absolutas e bem conhecidas do senso comum. Senso comum que incapaz de apreender a profundidade destas ideias tidas por “revolucionárias”, não as julgam mais do que uma das “transformações do mundo”, coisa que acontece corriqueiramente devido aos jovens.
Todavia tão logo surjam pessoas dispostas a investigarem esses movimentos ou comecem a surgir delatores arrependidos, como Aldo Hurxely, tão logo o movimento da engrenagem volta a funcionar, só que agora na tarefa de denegrir e destruir reputações, bem como por lançar um véu por sobre a “besta” e logo a denúncia se torna teoria da conspiração, ou ideias de algum lunático revoltado e depressivo.
A transformação da sociedade ocidental está sendo produzida por esta engrenagem, idealizada para atingir determinados fins que logo serão alcançados, em algumas décadas, e que muitas vezes ultrapassa até mesmo o período de vida de um ser humano. Por isso o declínio moral e intelectual aplicado hoje ao ocidente poderá estar exercendo seus efeitos almejados daqui a muitos anos, quando talvez nossa sociedade estiver num patamar tão avançado de deterioração moral que beira a barbárie e finalmente estará pronta para o que David Rockeffeler disse em um jantar dos embaixadores das Organizações das Nações Unidas:
A atual janela para a oportunidade para que talvez uma ordem mundial interdependente e verdadeiramente pacífica se construa, não estará aberta durante muito tempo. Estamos à beira de uma transformação global. Tudo o que necessitamos é uma crise e as nações não apenas aceitarão a nova ordem mundial, mas pedirão por ela (ROCKEFFELER apud COSTA, 2015 p.134).
Só então, quando a grande crise chegar, quando os políticos não mais resolverem nossos problemas, quando a justiça não passar de velhos arremedos de desculpas esfarrapadas e o pior, quando Deus morrer nos pensamentos e corações dos seres humanos venha a desejar a nova ordem, e nos recolher na sua segurança forçosa e serviu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apenas um desenvolvimento intelectual e moral honesto podem imunizar o ser humano de se entregar a mercê de ideologistas, e de fornecer uma compreensão da realidade e a capacidade de apreendê-la. A força centrífuga que “puxa” o homem para as profundezas, são as mesmas que caracterizam o “Império do Anticristo”, ou seja, a total submissão do homem aos seus instintos mais baixos e nefastos. O declínio moral enquanto chave da caixa de Pandora, não que se trate necessariamente de tornar todas as pessoas em católicos, entretanto de atentar e reconhecer que a moral cristã é à base de todo o “mundo” ocidental, e que seu declínio representa também o declínio do ser humano, juntamente com sua intelectualidade que tanto se desenvolveu quando atrelada a busca da verdade filosófica, assim como nossos antepassados gregos o fizeram, é a condição necessária a um mundo de caos, onde não reste senão a esperança de uma vida governada por uma nova ordem.
Hoje mais que qualquer outra coisa, busca-se o controle através das emoções, e esse quadro se torna claro quando assistimos um comercial de TV, ou quando um político faz um discurso, a retórica é sempre apelativa ao campo emocional. O que em um quadro futuro poderá representar o controle de fato das emoções humanas, como verdadeiros autômatos a serviço do estado, o que nos leva a indagação de que será mesmo possível reduzir o homem as suas emoções, ou num lance da própria natureza emocional deste, não será as emoções que por estarem reprimidas se rebelam numa explosão da mais pura humanidade, tornando-se a tabua de salvação desta? Essas respostas, nós, não possuímos, mas talvez se buscarmos compreender o que é que nos torna humanos de fato, com todas nossas imperfeições carnais e espirituais, possamos demonstrar também o quanto nos tornamos divinos, ao buscarmos sermos mais livres do que perfeitos.
Poderia estar descrevendo aqui todas as estruturas e organizações acerca da Nova Ordem Mundial, mas este trabalho está perfeitamente elaborado no livro do Alexandre Costa , porém buscamos trazer um raciocínio lógico com nossas impressões sobre as obras e o tema de forma sequencial. Caso seja possível a apreensão, por mais inusitado que pareça para quem está iniciando essas pesquisas, um pouco do que seja, ou pareça ser a besta do apocalipse como gostamos de chamá-la, então teremos alcançado nosso objetivo com esse texto. Torcendo também para que o mesmo possa despertar a curiosidade e a vontade de buscar, por parte do leitor, através da pesquisa e do trabalho intelectual sério e honesto suas próprias conclusões e dimensões acerca do tema.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
CARVALHO, Olavo de. O jardim das aflições – de Epicuro à ressurreição de César: ensaio sobre o materialismo e a religião civil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.
COSTA, Alexandre. Introdução a Nova Ordem Mundial. 2ª ed. Campinas – SP: Vide Editorial, 2015.
COSTA, Alexandre. Bem-vindo ao hospício. 1ª ed. Campinas – SP: Vide Editorial, 2016.
HURXELY, Aldo. Admirável mundo novo. Rio de Janeiro: Biblioteca Azul, 2014.
JOSEPH, Miriam. O trivium: as artes liberais da lógica, gramática e retórica. São Paulo : É Realizações, 2008.
LISTER, Robin. Odisseia / Homero. 2ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 2006.
ORWELL, George. A revolução dos bichos: um conto de fadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Parabéns ao autor, e a todos os grandes mestres da literatura e da filosofia que o inspiraram, especialmente ao mestre Alexandre Costa!
Muito obrigado, Carlinhos (só descobri esse comentário agora). Abração!